segunda-feira, 27 de julho de 2009

O TEMPO


O segredo do tempo é consumi-lo sem percebê-lo.
É fingir-se infinito para não o vermos passar
É fazer-se contar em anos em vez de momentos


Relógio, despertador, cronômetro, calendário
Tudo engodo para imaginarmos prendê-lo, controlá-lo


Ampulheta, único instrumento sincero do tempo
Regressivamente, nos impõe a gravidade
De haver realmente um último grão
Riscando na areia a nossa fragilidade


Mas o tempo é imparcial
Não distingue rico de pobre
Preto de branco, homem de mulher
Devora-se sem escolhas


Matar o tempo é matar-se sem sentido
Perdê-lo é viver em vão


Faz-se devagar nos maus momentos
Depressa quando o queremos


Ponteiro invisível da vida
Peça necessária do fim


A sua fome é insaciável
A sua vontade é determinante
A sua procura é unanime


Se esconde nas sombras que se movem
Nos objetos que não mais servem
Nas pessoas que nunca mais vimos
Na podridão das frutas que não foram colhidas
Nas lembranças já esquecidas


Revela-se nas fotos que se desbotam
Nas cartas que amarelam
Nas crianças que crescem
Nas rugas que aparecem


Deixa-nos a esperança de Pandora
Nas acções dos que virão
No nascimento dos rebentos

Tirado da Net

2 comentários:

*Lu* disse...

Gostei!!! MtOOO legal! :)

Eu... disse...

Também gostei do texto, o tempo é o senhor de tudo ...